A pergunta que mais ouvi quando voltei da minha viagem para conhecer os bastidores da Fórmula 1 foi: “E aí, a corrida foi boa?”

Na primeira vez que ouvi essa pergunta, fiquei pensando… corrida? Caramba, sabe que nem vi a corrida direito! Acompanhar a corrida dos bastidores da F1 é muito diferente de assistir pela televisão. Minha atenção não estava sendo guiada pelas câmeras, escolhidas minuciosamente pelo diretor de transmissão da FOM. Meus olhos estavam livres, curiosos, observando o que acontece por trás das câmeras.

Pensando na corrida, lembro-me de ter acompanhado o desempenho do Felipe Nasr com um pouco mais de atenção. Em um monitor, as imagens da transmissão oficial, no outro, as parciais e tempos das voltas. Como fiquei sem fones de ouvido até metade da prova, de vez em quando perguntava para o Amir Nasr: “O que o Felipe está falando com os engenheiros?”

Mas, pensando bem, lembro-me do Lewis Hamilton, disparado na liderança, ter sido esquecido pelas câmeras até que, do nada, seu motor estourou. Do Nico Rosberg, que rodou na primeira curva, fazendo sua corrida de recuperação… e, perto do fim da corrida, de ter ouvido a voz do Felipe avisando seu engenheiro que estava com problema nos freios e tendo de abandonar a prova.

Depois disso, minha atenção aos monitores diminuiu na mesma proporção que comecei a pensar no caminho que deveria fazer para ver, de perto, a festa do podium.

Essas são minhas lembranças mais latentes da corrida. Além do podium… O podium do GP da Malásia de 2016 sempre me remeterá ao “Shoey”, famosa tradição australiana executada pelo Daniel Ricciardo, após sua vitória. O “ritual” de beber champanhe nos sapatos suados, depois de uma corrida de mais de 1h30 com temperatura da pista bem acima dos 50ºC, acabou se estendendo para os demais pilotos que não conseguiram resistir à pressão de uma torcida “enlouquecida”.

Mas, a história começa muito antes. A paixão pela Fórmula 1 é antiga. Quando criança, colecionava álbum de figurinhas da F1, cresci assistindo corridas e, apesar da triste morte de Senna, não perdi o gosto pelo esporte. Já tinha ido para uma corrida em Barcelona e para os treinos de sábado em Interlagos, mas, como um apaixonado pelo esporte, sonhava ver tudo ainda mais de perto.

Nesse post, vou mostrar para você, por meio de fotos, um pouco da realização desse sonho!

1. A caminho da Malásia e dos bastidores da Fórmula 1

A realização do sonho começou em maio, quando reencontrei o amigo, Amir Nasr, que se dispôs a me ajudar. E, quase cinco longos meses depois, embarquei para a Malásia em voo da KLM, o terceiro voo da viagem e o segundo com quase 12 horas de duração.

Nesse voo, entre Amsterdã e Kuala Lumpur, já pude começar a sentir o clima da Formula 1. O enorme Boeing 777 estava repleto de funcionários da Ferrari e da Toro Rosso que também estavam a caminho do GP da Malásia. Na classe executiva, a sensação do momento, Max Verstappen, com quem tirei a primeira de muitas fotos pessoais que registraram momentos que continuarão vivos na memória.

2. Os bastidores da Fórmula 1

Mas, depois dos cinco meses de espera e preparação e da longa viagem entre o Brasil e Kuala Lumpur, a realização do sonho se materializou na quinta-feira, 29/9/16.

2.1. Os primeiros momentos

Saímos do hotel por volta das 9 horas da manhã e pegamos a estrada para o circuito. Foram 40 km de bastante trânsito e expectativa.

Ao pararmos o carro no estacionamento dos pilotos, no circuito de Sepang, havia uma incerteza se eu teria acesso ao paddock já na quinta-feira. Aguardei um pouco no carro até receber a tão esperada notícia: “Leo, deu certo, pode vir!”

Depois de receber a credencial e atravessar a catraca pela primeira vez, ouvi as seguintes palavras do Amir: “Bem vindo à F1, espero que você goste”… É bem difícil explicar o que senti naquela hora… só me lembro da imensa alegria e de ter agradecido ao Amir mais uma vez…

2.2. Track Walk

A primeira caminhada foi até a área de convivência (hospitality) da Sauber. Deixei minhas coisas no quarto do Felipe e fui para o tão esperado Track Walk.

Pois é, pode parecer estranho, mas sempre tive muita vontade de caminhar por um circuito de Fórmula 1. Esse foi um dos maiores motivos de querer ir já na quinta-feira. Foram mais de 5,5 km caminhando pela pista, observando o asfalto, as zebras, as arquibancadas e o relevo. O relevo é impressionante. Pela TV não conseguimos ter ideia da grande variação de altitude entre diferentes trechos de um circuito de F1.

Quando voltei para a área de convivência da Sauber, o Felipe já tinha começado sua série de entrevistas do dia.

Enquanto isso, observava e tirava fotos, como essa do belo capacete do Felipe:

2.3. Entrevista com os Felipes do Brasil

Pouco tempo depois o pessoal da Fórmula 1 gravou um vídeo de perguntas e respostas com os dois Felipes do Brasil!

Se você quiser ver como ficou o vídeo, clique aqui: When Felipe meet Felipe.

2.5. Caminhando pelo Paddock

Depois do almoço, caminhei pela área do paddock e pude ver de perto vários pilotos e ex-pilotos!

Durante a caminhada também pude acompanhar de perto os bastidores de várias entrevistas.

Nas duas fotos abaixo: Jean Alesi entrevistando Nico Rosberg.

Abaixo, a Noemi entrevistando Kimi Räikkönen:

E, uma das entrevistas com o Daniel Ricciardo!

2.6. Os dois primeiros treinos livres e o passeio pelas arquibancadas

Na sexta-feira, saímos cedo do hotel, pois o primeiro treino livre começava às 10h da manhã.

Pela manhã acompanhei todo o primeiro treino livre (FP1) de dentro dos boxes. Foi um momento incrível! Pude ficar bem atrás do carro do Felipe, pertinho, acompanhando todo o trabalho da equipe e ouvindo, pelos fones de ouvido, a conversa dos pilotos da Sauber com seus respectivos engenheiros. Minha visão da Fórmula 1 nunca mais seria a mesma. Que experiência fantástica! Uma pena que é proibido tirar fotos dos boxes.

Entre um treino e outro, num dia de calor intenso, a melhor maneira de secar o macacão era deixá-lo exposto ao sol!

No período da tarde, acompanhamos a primeira meia hora do segundo treino livre (FP2) das arquibancadas.

Ficar em frente a um telão, posição estratégica!

Abaixo, uma foto do Felipe atacando a curva 9.

O barulho dos motores dos carros da F1 está bem menos forte e é possível ouvi-los rasgar a reta sem precisar de tampões ou fones de ouvido. Muito diferente das épocas dos V10 e dos V8.

Uma curiosidade: essa área das arquibancadas fica exatamente entre as duas grandes retas do circuito de Sepang. De um lado você consegue ver os boxes e, do outro, a reta oposta e uma parte considerável do circuito (da curva 7 até a 15).

Depois de um dia de treinos, flagrei a equipe trabalhando na limpeza das rodas:

2.7. Pit Lane Walk

No sábado o terceiro treino livre (FP3) só começava às 15h. Mas antes disso, às 13h, aconteceu o primeiro Pit Lane Walk! Momento no qual todos os convidados das equipes e o pessoal do Paddock Club desce para caminhar em frente aos boxes.

A área fica lotada de fãs!

Mas é possível ver muita coisa legal de pertinho!

Mecânicos trabalhando no carro do Max Verstappen!

Na foto abaixo, a saída dos boxes:

Uma parte legal do Pit Lane Walk é poder ver as equipes treinando pit stop de perto.

2.8. Entrevistas depois do treino classificatório

Logo depois do treino classificatório, os pilotos foram para a área reservada para as entrevistas:

Os pilotos sempre estão acompanhados de um assessor de imprensa da equipe e precisam responder às perguntas de vários repórteres. Mal terminam uma entrevista, já começam outra.

2.9. Drivers parade

No domingo, logo depois do Pit Lane Walk e antes da corrida, ocorre o desfile dos pilotos (divers parade). Eles dão uma volta completa pelo circuito acenando para o público presente no autódromo.

2.10. Podium

Depois de assistir à corrida da área de convivência da Sauber, chegou a hora de participar da festa do podium.

Primeiro, a longa caminhada pelo pit lane.

É bem legal ver de perto os carros dos três primeiros colocados. Os pneus, bem desgastados, chamaram minha atenção.

Legião de fãs, repórteres e o pessoal das equipes aguardando a chegada do pilotos ao podium.

Muita festa depois dos hinos nacionais. Uma comemoração mais do que merecida depois de uma longa corrida na quente e úmida Malásia.

Daniel Ricciardo e o shoey!

Depois da corrida e do podium: a conferência de imprensa com os três primeiros colocados. O GP da Malásia foi decisivo para o título do Rosberg.

Voltando para a área de entrevistas, flagrei uma das entrevistas com o grande vencedor!

2.11. Empacotando tudo para o Japão

Antes mesmo do início da corrida, as equipes já estavam começando a desmontar tudo e preparando o material que seria enviado para o Japão.

Quando a corrida terminou, os trabalhos se intensificaram e tudo foi desmontado numa velocidade impressionante. A logística da F1 é incrível!

3. Conclusão

Depois de quase 50 horas nos bastidores da Fórmula 1, é difícil explicar qual é a sensação de realizar um sonho. Ainda mais um sonho que sempre me pareceu impossível de ser realizado.

Só posso dizer que a felicidade foi enorme e que Deus preparou uma experiência muito melhor do que eu poderia imaginar.

Poder passar tanto tempo com o Amir aproveitando para tirar dúvidas com quem entende muito de automobilismo foi indescritível. Conhecer melhor o Felipe Nasr  também foi uma experiência muito boa! Além de ser um piloto extremamente talentoso, ele é discreto, atencioso e um grande profissional!

Além disso, pude conhecer pessoas incríveis como o Tiago, o Josef e vários funcionários da Sauber! Destaque para a Tânia e para o pessoal da cozinha! Ótima comida e atendimento impecável!

Ah! Não podia deixar de falar do pessoal da Globo: o Baiano, a Mariana e o Jayme que sempre apareciam para conversar na área de convivência da Sauber.

Entre os pilotos, destaque para a atenção recebida do Felipe Massa e do Nico Rosberg.

Resumindo: a experiência foi simplesmente espetacular!

P.S.: Essa viagem contou com o apoio da Global Travel Assistance (GTA), que me ofereceu a assistência viagem Euro Maxx!

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